Apesar da Campanha Salarial do ano anterior ter obtido conquistas significativas, como a mudança de formato do auxílio alimentação e a reposição salarial superior à inflação a cerca de 70% da categoria, uma pequena parcela de servidores com cargos de nível superior e vencimentos acima de R$ 3.500,00 não se sentiram contemplados pelos resultados da negociação.
Como representante único e legítimo de todo o funcionalismo mauaense, o Sindserv acolheu as justas reivindicações e decidiu fazer uma consulta à categoria.
Entre os meses de outubro e dezembro de 2017, o Sindserv realizou uma pesquisa de opinião entre os servidores da Prefeitura e do Sama para definir as prioridades das próximas campanhas salariais. Os participantes escolheram o formato de reposição salarial e colocaram em ordem 14 opções de demandas.
O resultado da pesquisa de opinião subsidiou a elaboração da pauta de reivindicações da Campanha Salarial 2018. O Sindserv agregou considerável valor em legitimidade e sintonia com os trabalhadores e isso fortaleceu politicamente os trabalhadores.
Ao analisar os resultados da pesquisa, contatou-se que o servidor de Mauá sofre muito com a atual crise econômica. Isso fica evidente ao observar que das prioridades elencadas pelos participantes, as quatro primeiras estão relacionadas a ganhos financeiros, em detrimento de outros avanços que seriam igualmente relevantes, como a reformulação do Estatuto dos Servidores Públicos.
Resultado da pesquisa de opinião
Reposição salarial
Caso a inflação oficial se mantenha abaixo dos 5%, os servidores preferiram um novo abono com a data de incorporação definida.
Caso a inflação suba e ultrapasse a marca de 5%, a reposição pelo índice inflacionário é a vontade da maioria.
Prioridades
Os servidores definiram as prioridades nessa ordem:
- Reajuste do auxílio alimentação
- Aplicação do plano de carreira
- Transformar quinquênio em biênio
- Opção de receber licença-prêmio em dinheiro
- Reformulação do Estatuto dos Servidores
- Melhorar as condições de trabalho
- Criação do instituto de previdência próprio
- Ampliar auxílio alimentação para todos
- Convênio odontológico
- Combate ao assédio moral
- Fornecimento de EPIs
- Reformulação do Estatuto do Magistério
- Redução de jornada de trabalho para ADI’s
- Redução de jornada de trabalho para enfermagem
Refeição
Também foi avaliada a refeição fornecida nos restaurantes do Paço e da SSU:
- ÓTIMO – 4,2%
- BOM – 41,6%
- RUIM – 37,2%
- PÉSSIMO – 16,9%
Inflação
O indexador da correção salarial dos servidores públicos de Mauá é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Acompanhe os números dos últimos 12 meses:
Protocolo da pauta de reivindicações
No dia 1º de março, o Sindicato entregou nas mãos do prefeito Atila Jacomussi a pauta de reivindicações da campanha salarial. Na ocasião, o chefe do Executivo comemorou a conquista de verbas federais para a cidade. Fato que amplia a margem para negociação nesta Campanha Salarial.
O Sindserv aguarda o agendamento da primeira rodada de negociação.
Negociações
Em reunião da Comissão Permanente de Negociação, no Paço Municipal, os membros representantes do Sindserv de Mauá rejeitaram, no dia 11/04, o retrocesso no formato de reposição das perdas no poder de compra dos trabalhadores. A entidade sindical defendeu a manutenção da correção por abono mensal com data de incorporação ao salário definida e um aumento digno ao auxílio alimentação.
No dia 19 de abril, a Prefeitura publicou no Diário Oficial um decreto que reduz o valor correspondente ao abono salarial, instituído pela Lei Municipal nº 5.224/2017, para jornadas semanais inferiores a 40 horas.
No dia seguinte (20), o Sindserv protocolou ofício por entender que a decretação é ilegal e negociou a suspensão dos efeitos junto à Administração.
Os diretores do Sindicato encontraram com o prefeito no dia 03/05 para cobrar celeridade da comissão e reivindicar o revogação do Decreto. Ficou agendada a revogação para o dia 9 e a rodada de negociação para o dia 10.
Nos dias 9 (quarta-feira) e 10/05 (quinta-feira), ambas as reuniões agendadas diretamente com o prefeito Atila foram canceladas por parte da Administração. O Sindicato, então, passou a insistir por uma reunião com os membros da comissão de negociação.
No dia 11/05/2018 (sexta-feira), a comissão se reuniu, a pedido do Sindicato, para receber a contraproposta da Administração:
- 1% de aumento real;
- 2,68% de reposição da inflação;
- R$ 370,00 de auxílio alimentação para todos os servidores ou R$ 390 para quem recebe até três vezes o menor vencimento.
A ampliação do auxílio alimentação para todos os servidores da administração direta é uma reivindicação antiga do Sindicato e um importante avanço nesse benefício.
No dia 14/05, o Sindicato protocolou uma proposta menos injusta para aqueles que recebem vencimentos mais baixos:
- 1,32% de aumento real;
- 2,68% de reposição da inflação;
- Divisão do auxílio alimentação em duas faixas: R$ 410,00 para quem recebe até três vezes o menor vencimento da categoria e R$ 200,00 para os demais, que até então não recebem o benefício.
A Administração pediu tempo para analisar o impacto financeiro.
No dia 30/05, os dirigentes do Sindserv protocolaram ofício junto ao gabinete da prefeita em exercício, para solicitar uma reunião com objetivo de obter um resultado favorável para as negociações.
Em 27/06, a Administração entrou em contato para retomar as negociações, após extinguir o prazo estabelecido pela Lei Orgânica do município para que o prefeito afastado Atila Jacomussi retornasse à chefia do Executivo, algo que não ocorreu. Restabelecida a segurança jurídica da Prefeitura, novamente apta a tomar decisões com maior grau de complexidade, foi agendada uma nova reunião para dia 3 de julho.
A reunião da comissão de negociação, que estava programada para o dia 3 mas passou para o dia 4/7, não avançou nos itens da pauta.
No dia 6/7, a Prefeitura publicou o Decreto nº 8.444/2018 e declarou estado de calamidade pública nas finanças do município. Servidores e funcionários públicos ficaram apreensivos quanto a continuidade da campanha salarial e um possível atraso no pagamento dos salários.

Após a publicação do decreto de declarou calamidade financeira em Mauá, o governo municipal se fechou em uma bolha de proteção contra todas as regras que colocaria em risco os interesses da Administração. (Foto: Sindserv Mauá)
No dia 17/7, o governo da prefeita interina de Mauá, Alaíde Damo, decidiu priorizar o pagamento a empresários ao invés de valorizar os servidores públicos que mantém os serviços à população em pleno funcionamento.

A reunião da comissão de negociação, realizada em 17/7, surpreendeu negativamente aos servidores. Apesar do colapso nas finanças, a reivindicação por revisão salarial não comprometeria a recuperação da cidade. (Foto: Sindserv Mauá)
O anúncio foi transmitido pelo sobrinho da prefeita e secretário de Governo, Antônio Carlos de Lima, em reunião com o Sindicato dos Servidores Públicos (Sindserv), no Paço.
A entidade convocou os trabalhadores para assembleia o dia 25 de julho, às 18h, na sede do Sindserv.

Na Assembleia, Drª. Eliana explicou aos servidores sobre as opções judiciais que poderiam ser encaminhados. (Foto: Lucas Miranda/SIndserv)

Os servidores aprovaram em deliberação a instauração do Estado de Greve ante a negativa da prefeita interina em conceder o reajuste salarial e o aumento do auxílio alimentação. (Foto: Lucas Miranda/Sindserv)

Após aprovação dos participantes da assembleia, três servidores que não compõe a diretoria do Sindicato foram escolhidos para acompanhar as negociações na condição de observadores. (Foto: Lucas Miranda/Sindserv)

A advogada Drª. Eliana leu um documento encaminhado pela Prefeitura para aumentar o auxílio alimentação em demonstração de boa vontade em manter a mesa de negociação. (Foto: Lucas Miranda/Sindserv)
Após a assembleia, o Sindicato encaminhou documentos ao Ministério Público para pedir apuração sobre a veracidade da situação financeira da Prefeitura e solicitou nova reunião junto ao gabinete da Prefeita interina.
Em outubro, após o retorno do prefeito Atila Jacomussi, o Sindicato cobrou a continuidade das negociações, mas não houve retorno.
Conclusão
Diante da negativa em conceder correção dos salários e pagamento do retroativo do auxílio alimentação e da posterior ausência de consideração pelos servidores públicos, o Sindserv decidiu manter o Estado de Greve.
A falta de compromisso do governo municipal, seja quando comandado por Alaíde ou Atila, para com os servidores públicos da nossa cidade nos causou estranheza e perplexidade. Após aprovação do abono, em 2017, o funcionalismo alimentou esperança de que se poderiam conquistar avanços significativos. Não é o que acontece.
Para 2019, a campanha salarial vai reivindicar todos os meses de perdas salariais causadas pela inflação e demais inciativas que afetaram o poder de compra dos servidores e funcionários públicos.
(Última atualização dessa página: 08/02/2019, às 10:14)
Pauta na íntegra
Clique aqui e leia a pauta de reivindicações na íntegra.
Histórico de campanhas salariais
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